domingo, 21 de fevereiro de 2010

sobre olhos e sorrisos

Música. E galera. Pessoas animadas, alegres. Pulando, cantando, rindo. O curioso é que me sinto alheia a tudo. Não me sinto uma delas. Não me sinto ali. Ele está lá, tocando, cantando. Como eu gosto de ouvi-lo cantando! E, não satisfeito em me enfeitiçar com sua voz, sua música, precisa ainda me encarar. Que olhos... Não são azuis, verdes, tampouco cor-de-mel. São escuros. Muito escuros. Poços fundos, cujo fim, na verdade, não existe. Buracos negros, que me sugam de tal forma que não posso me soltar, correr, fugir, reagir. Não posso. Não quero. Cartolas de mágico, de onde espero tão ansiosamente a saída do coelho, branco, puro, inocente. Sim, é isso o que são. Não são olhos. Não podem ser. Não. São janelas. Janelas encantadas, janelas secretas, que só se revelam a um escolhido. Ou escolhida. Sinto que sou eu. Serei eu? São tão convidativas! Me permitem enxergar muito além que o singelo brilho de seus vidros polidos. Olhos nos olhos. Isso é covardia!, penso eu. Covardia sim! Como poderia eu ter coragem de evitar tais olhos? E que olhos! Então, secretamente, abençôo essa covardia. Eu o perdôo. Mas, quando penso que a tortura não poderia piorar, ela piora. E ele sorri. Aaah, esse sorriso! Inocente, brincalhão, tímido, atrevido, divertido, desprotegido. Que peraltice! Sinto um turbilhão de sensações quando ele sorri. É um estourar de manada. Um romper de represa. Um carnaval de batuques. Batuques. Meu coração, bobo coração, ingênuo coração, dispara como em uma corrida de vida ou morte, em que a vitória vale mais que a vida, vale a honra. Me sinto em queda livre, sem destino, sem medo, apenas alegria, infinita alegria. É uma queda d’água aquele sorriso. Uma maravilha da natureza. Um presente de Deus. Sinto flutuar. O tempo parece parar, contradizendo o poeta, ou pelo menos diminui de velocidade, assumindo uma grandeza inversamente proporcional ao saltar do meu coração. E sem me perceber, me vejo sorrindo, um sorriso bobo, um sorriso tão doce quanto um sorriso é capaz de ser. Tão puro e verdadeiro quanto poderia ser. Tão acolhedor quanto sei que sou capaz de ser. Quero você, menino. Me deixa cuidar de você. Me deixa te proteger! Proteger de tudo, proteger do mundo, e mesmo proteger de você. Eu quero você. Só quero você. Só amar você. Quero estar com você. Estar pra você. Sempre que você precisar. A hora que for, do jeito que for. Estarei sempre lá pra você. Por você. Com você. É tudo o que eu quero que ele entenda. Eu sorrindo bobamente, e, quando me dou conta, ele está lá, e abre um sorriso maior ainda. Sorri com os lábios e sorri com os olhos. O casamento perfeito. Será que ele conseguiu ler meus olhos e meu sorriso? Espero que sim. Espero profundamente e dolorosamente que sim. Que sim.

Um comentário:

Mel disse...

;0) demorei, mas, finalmente, li. tinha lido outro dia também, mas com mais pressa.
esse aí dos olhos e sorrisos, sabe que você vê detalhadamente tudo isso nele?